Escolhas possíveis



Venho pensando bastante sobre como somos pouco conscientes das escolhas que fazemos – escuto muito a frase ”não tive escolha” e fico imaginando o quanto essa frase repercute negativamente na vida interior de uma pessoa.
Não ter escolhas remete a aprisionamento, impossibilidade, limitação, etc., ou seja, ativa exclusivamente pensamentos e sentimentos ruins. Pior que isso é observar que em muitas das vezes, nas situações onde se origina essa percepção, ela não é realista, é antes, uma questão de perspectiva.
Mais ou menos assim: numa situação, em geral difícil, a pessoa envolvida tende a enxergar exclusivamente uma alternativa, considerando que todas as outras possibilidades, provavelmente entendidas como negativas e exatamente por isso, não são também alternativas.
Um exemplo é imaginar uma pessoa profundamente insatisfeita com seu emprego, que tende a continuamente lamentar isso e a cada vez que é questionada sobre as razões pelas quais não deixe esse lugar que faz tão infeliz, queixa-se muito sobre sua triste condição assumindo não ter outra opção que não seja a permanência no mesmo; mas, se é um emprego, porque não pode pedir o desligamento, porque não interrompe o contrato? Provavelmente ela dirá que não pode ficar sem emprego, que teme não conseguir outro, que teme não dar certo. Mas, essas não são alternativas? Sem dúvidas a resposta é sim, são alternativas, apenas são entendidas como piores que a atual.
E qual seria a vantagem de ajustar essa perspectiva? Reconhecer que em boa parte das vezes em que há essa sensação de ‘travamento’, há sim, algumas alternativas de saída, e que em caso de avaliar que essas são piores que a do momento, mesmo assim, não se trata de não ter saída, mas de escolher que ficar onde está, entre as outras opções, ainda é a melhor.
Diante disso, a tendência é que não ocorra a percepção de aprisionamento citada no começo desse texto. É muito diferente alguém pensar “não tenho escolhas” e pensar ”das escolhas que tenho, as outras não me atendem, então essa é a minha escolha”.
Lidar com a realidade, ampliar a visão e buscando tanto entendimento quanto reconhecimento do nível de envolvimento em cada uma das situações que a vida nos solicita.



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